Por Wallace de Góis Silva
(Publicado no site Ultimato Jovem)
“Muitos cobradores de
impostos e outras pessoas de má fama chegaram perto de Jesus para o ouvir. Os fariseus e os mestres da Lei criticavam Jesus,
dizendo: — Este homem se mistura com gente de má fama e toma refeições com
eles.” [Lc 15.1-2, NTLH].
Alguns textos da Bíblia nos ensinam a ficar longe das pessoas más
porque Deus não quer que elas nos influenciem. Por outro lado, Jesus nos
ensina que precisamos chegar perto daqueles que são considerados
indignos para mostrar o amor de Deus. Como entender?
Jesus, nosso maior exemplo, esteve ao lado das pessoas rejeitadas por seus pecados, e por isso temos motivos para nos “misturar com gente de má fama e tomar refeições com eles”.
Mas, por causa disso, os religiosos acusavam Jesus de conversar com
gente indigna, e para piorar, o Mestre elogiava os pecadores que
reconheciam o próprio erro e repreendia os religiosos que fingiam ser
perfeitos. A ideia é que precisamos nos aproximar das pessoas,
principalmente as que mais precisam, sem deixar que as ações erradas
delas nos influenciem. Ao mesmo tempo, temos que mostrar a elas, com
palavras e ações, que a graça de Deus nos transformou e pode fazer o
mesmo com elas.
Na época de Jesus, Roma dominava quase todo o mundo, inclusive os
lugares onde Jesus e seus discípulos viveram e andaram. Para cobrir os
gastos com as construções e garantir o conforto dos poderosos, o império
estabelecia pontos de cobrança de impostos. Quem fazia esse trabalho
eram os publicanos. Quem não tivesse dinheiro para pagar perdia os bens e
até mesmo a liberdade. O evangelho diz que era justamente esse tipo de
gente que se aproximava de Jesus, e ele preferia comer com eles a comer
com falsos religiosos. Aliás, Jesus considerava a falsa religiosidade
pior do que as ações de um publicano [Lc 18.9-4].
Outras pessoas de má fama também procuravam por Jesus. E elas eram
consideradas assim porque praticavam atos imorais, viviam à margem da
sociedade ou simplesmente pensavam diferente dos fariseus. Em Jesus,
aquelas pessoas encontravam o perdão e a salvação que necessitavam. Ele
dividia a mesa e fazia amizade com elas. Reconhecia que, apesar de tudo,
havia a imagem de Deus naquela gente.
Assim como nosso mestre, a juventude cristã precisa se misturar,
estar perto e ser amiga das pessoas que mais precisam do evangelho:
aquelas que escolheram ou foram forçadas a viver sem dignidade
espiritual ou social. Os dois tipos de gente sofrem com a opressão do
próprio pecado ou do pecado de outras pessoas, inclusive o da nossa
omissão. Mas, quando abrimos o coração para amar, os sinais do Reino de
Deus frutificam em nossas vidas para transformar a vida de cada um que
estiver ao nosso redor.
Ao invés de julgar, nossa tarefa é procurar ser diferentes daqueles
religiosos, buscando expressar o amor de Deus a todas as pessoas, de
todas as formas, em todos os momentos. E isso se aprende fazendo. Aceita
o desafio?
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Wallace de Góis Silva é teólogo e mestrando em Ciências da
Religião pela Universidade Metodista de São Paulo. Atua como professor
de teologia e de escola dominical para jovens e adolescentes.
Link Original (Ultimato):
Nesse carnaval, está a fim de se misturar?
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