1 de set. de 2013

AdorAção que se transforma em missão



Por Wallace Góis

Isaías [6.1-9] teve uma visão de Deus no templo. Sua reação foi como a de qualquer mortal teria ao presenciar uma manifestação do Senhor: percebeu suas próprias limitações e seus pecados, diante de um Deus santo e misericordioso. Porém, aquele foi um encontro que transformou sua vida porque despertou seu coração para agir, para ser profeta de Deus ao seu povo e às nações.
Junto ao trono de Deus, Isaias viu a glória de Deus que enchia o templo e toda a terra, como os próprios serafins reconheceram. Mas, a atitude de louvor desses serafins nos ensina algo: eles olhavam uns para os outros, e diziam “Santo, Santo é o Senhor...”
Ou seja, eles não estavam olhando para Deus, estavam olhando uns para os outros. Isso nos mostra que a verdadeira adoração se dá na con-vivência em comunidade, onde há a união espiritual e a partilha do pão e da alegria. Em outras palavras, só podemos adorar a Deus de verdade, se formos capazes de olhar nos olhos de nossos irmãos e irmãs, e dizer a eles o quanto o nosso (e não o meu) Deus é santo e glorioso.

Outra lição que podemos tirar da experiência de Isaias é a de que um verdadeiro encontro com o Ser divino nos mostra quem somos e nos leva a querer ser melhores do que somos. Quando o profeta se deu conta de sua própria negligência e a de seu povo, o serafim lhe tocou com uma brasa e lhe purificou. Na prática, os “impuros lábios” de Isaias se tornaram em lábios separados para a missão de Deus, porque a única coisa que ele pôde responder ao ouvir a pergunta de Deus sobre quem deveria enviar foi “envia-me”.  Nessa frase percebemos que a fala de Isaias revelou seu desejo de ser movido por Deus, de ser enviado ao seu povo e proporcionar a eles uma experiência transformadora como a que acabara de ter.

Por falar em lábios, Jesus disse que a boca fala do que o coração está cheio. As nossas palavras e ações são um reflexo daquilo que temos em nosso coração. Se você e eu guardamos em nosso coração uma verdadeira experiência da graça de Deus, nossos lábios precisam dizer “eis-me aqui, envia-me”, porque ninguém que vive uma manifestação de Deus consegue se calar diante do mundo, e nem ficar parado onde está. Uma adoração que é vivida na presença do Deus único e na comunhão com o próximo dentro do templo, se manifesta em atos de obediência, justiça e misericórdia fora do templo, assim como aconteceu com Isaias, que saiu daquele templo para proclamar o Reino de Deus ao mundo e, para nunca mais ser o mesmo!

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